terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A existência da ética

Ética: Ramo da filosofia que trata de questões sobre como devemos viver e, portanto, sobre a natureza de certo e errado, bem e mal, dever, obrigação e outros conceitos.
Moral: que denota bons costumes segundo os preceitos estabelecidos por um determinado grupo social

Moralidade


O exame sobre o significado de levar uma vida “virtuosa", sobre justiça e felicidade (e como alcança-las) e sobre como devemos nos comportar formam a base para o ramo da filosofia conhecido como ética ou filosofia moral.
Para além da consideração sobre questões éticas referentes às vidas dos indivíduos, é natural que se pense sobre o tipo de sociedade na qual gostaríamos de viver - como ela deveria ser governada, os direitos e responsabilidades de seus cidadãos, e assim por diante.

Senso moral e consciência moral

Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas contra a fome. Esses sentimentos e as ações desencadeadas por eles exprimem nosso senso moral, a maneira como avaliamos nossa situação e a de nossos semelhantes segundo ideias como as de justiça e injustiça.
Quantas vezes, levados por um impulso incontrolável ou por uma emoção forte, fazemos alguma coisa de que depois sentimos vergonha, remorso, culpa? Esses sentimentos também exprimem nosso senso moral, isto é, a avaliação de nosso comportamento segundo ideias como as de certo e errado.


Não raras vezes somos tomados pelo horror diante da violência: chacina de seres humanos e animais, etc.Com frequência ficamos indignados ao saber que um inocente foi injustamente acusado e condenado, enquanto o verdadeiro culpado permanece impune. Sentimos cólera diante do cinismo dos mentirosos, dos que usam outras pessoas como instrumento para seus interesses e para conseguir vantagens à custa da boa-fé de outros. Esses sentimentos também manifestam nosso senso moral, ou a maneira como avaliamos as condutas alheias segundo as ideias de justiça e injustiça.

Consciência moral

Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam nosso senso moral, mas põem à prova nossa consciência moral, pois exigem que, sem sermos obrigados por outros, decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as consequências delas.
Os exemplos mencionados indicam que o senso moral e a consciência moral referem-se a valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e a decisões que conduzem a ações com consequências para nós e para os outros.



Juízo de fato e juízo de valor

Se dissermos: "Está chovendo", estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós, e o juízo proferido é um juízo de fato. Se, porém, falamos: "A chuva é boa para as plantas" ou "A chuva é bela", estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo de valor.
Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são.


Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis.
Dessa perspectiva, os juízos morais de valor são normativos, isto é, enunciam normas que dizem como devem ser os bons sentimentos, as boas intenções e as boas ações, e como devem ser as decisões e ações livres. São normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos e de nossos atos.
Os juízos morais de valor nos dizem o que são o bem, o mal, a liberdade, a felicidade.
Como se pode observar, senso moral e consciência moral são inseparáveis da vida cultural.
Qual a origem da diferença entre juízos de fato e de valor? A diferença entre a natureza e a cultura. A primeira é constituída por estruturas e processos necessários, que existem em si e por si mesmos, independentemente de nós: a chuva, por exemplo, é um fenômeno meteorológico cujas causas e cujos efeitos necessários não dependem de nós e que apenas podemos constatar e explicar.
Por sua vez, a cultura nasce da maneira como os seres humanos interpretam a si mesmos e as suas relações com a natureza, acrescentando-lhes sentidos novos, alterando-a por meio do trabalho e da técnica, dando-lhe significados simbólicos e valores. Dizer que a chuva é boa para as plantas pressupõe a relação cultural dos humanos com a natureza por intermédio da agricultura.
Para garantir a manutenção dos padrões morais através do tempo e sua continuidade de geração a geração, as sociedades tendem a naturalizá-los.
Para reconhecemos isso, basta, aliás, considerarmos a própria palavra moral: ela vem de uma palavra latina, mos, moris, que quer dizer "o costume", portanto, os hábitos instituídos por uma sociedade em condições históricas determinadas.

Ética e violência

Várias culturas e sociedades não definiram nem definem a violência da mesma maneira, ao contrário, dão-lhe conteúdos diferentes, segundo os tempos e os lugares.
Fundamentalmente, a violência é percebida como exercício da força física e da coação psíquica para obrigar alguém a fazer alguma coisa contrária aos seus interesses e desejos, contrária ao seu corpo e à sua consciência, causando-lhe danos profundos e irreparáveis como a morte, a loucura, a autoagressão ou a agressão aos outros.
Quando uma cultura e uma sociedade definem o que entendem por mal, crime e vício, definem aquilo que julgam violência contra um indivíduo ou contra o grupo. Simultaneamente, erguem os valores positivos – o bem, o mérito e a virtude – como barreiras éticas contra a violência.
Em nossa cultura, a violência é entendida como violação da integridade física e psíquica, da dignidade humana de alguém.
Também consideramos violência à profanação das coisas sagradas e a discriminação social e política de pessoas por causa de suas crenças.
Do ponto de vista ético, somos pessoas e não podemos ser tratados como coisas. Os valores éticos se oferecem, portanto, como expressão e garantia de nossa condição de seres humanos ou de sujeitos racionaisagentes livres, proibindo moralmente a violência.

Os constituintes do campo ético

A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na ação. Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas pela situação, às consequências para si e para os outros, a conformidade entre meios e fins, a obrigação de respeitar o estabelecido ou de transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou injusto).
vontade é esse poder deliberativo e decisório do agente moral. Para que exerça esse poder sobre o sujeito moral, a vontade deve ser livre, isto é, não pode estar submetida à vontade de um outro nem pode estar submetida aos instintos e às paixões, mas, ao contrário, deve ter poder sobre eles.
·  Paixão
Filosófica e eticamente, porem, o amor e uma entre muitas paixões, pois paixão significa  todo desejo, toda emoção e todo sentimento causados em nos ou por uma força irracional interna ou pela força incontrolável de alguma coisa extrema que nos domina. Na paixão não somos senhores de nós mesmos, mas arrastados por impulsos internos ou forças internas que nos dirigem e controlam.
O campo ético é, assim, constituído pelos valores e pelas obrigações que formam o conteúdo das condutas morais, isto é, as virtudes.

O agente moral

O sujeito ético ou moral, isto é, a pessoa moral, só pode existir se preencher as seguintes condições:
1. ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a si;
2. ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis;
3. ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e as consequências dela sobre si e sobre os outros;
4.  ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa.

A diferença entre passividade e atividade. Passivo é aquele que se deixa governar e arrastar por seus impulsos, inclinações e paixões, pelas circunstâncias, pela boa ou má sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela vontade de um outro, não exercendo sua própria consciência, vontade, liberdade e responsabilidade.
Ao contrário, é ativo ou virtuoso aquele que controla interiormente seus impulsos, suas inclinações e suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros o sentido dos valores e dos fins estabelecidos, indaga se devem e como devem ser respeitados ou transgredidos por outros valores e fins superiores aos existentes, avalia sua capacidade para dar a si mesmo as regras de conduta, consulta sua razão e sua vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem subordinar-se nem submeter-se cegamente a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias intenções e recusa a violência contra si e contra os outros. Numa palavra, é autônomo.

Os valores ou fins éticos

campo ético é constituído por dois polos internamente relacionados: o agente ou o sujeito moral e os valores morais ou as virtudes éticas.
Independentemente do conteúdo e da forma que cada cultura lhe dá, todas as culturas consideram virtude algo que é o melhor como sentimento e como ação; a virtude é a excelência, a realização perfeita de um modo de ser, sentir e agir. Em contrapartida, o vício é o que é o pior como sentimento e como ação; o vício é a baixeza dos sentimentos e das ações.



Os meios morais

O campo ético é ainda constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins.
Suponhamos uma sociedade que considere um valor e um fim moral a lealdade entre seus membros, baseada na confiança recíproca. Isso significa que a mentira, a inveja, a adulação, a má-fé, a crueldade e o medo deverão estar excluídos da vi moral e, por conseguinte, ações que empreguem essas atitudes e esses sentimentos como meios para alcançar o fim serão imorais. No entanto, poderia acontecer que para forçar alguém à lealdade seria preciso fazê-lo sentir medo da punição pela deslealdade, ou seria preciso mentir para ele para que não perdesse a confiança em certas pessoas e continuasse leal a elas. Nesses casos, o fim – a lealdade –  não justificaria os meios – uso do medo e da mentira? A resposta ética é não. Por quê? Porque esses meios desrespeitam a consciência e a liberdade da pessoa moral.

Fins éticos exigem meios éticos.



Referência:

CHAUI, Marilena. Filosofia: Novo Ensino Médio, Volume único. São Paulo: Ática, 2010, p.203-211.



Filme: Crash - No Limite
Sinopse: Jean Cabot (Sandra Bullock) é a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente que acaba por aproximar habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles: um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha.

Atividades

1 – O que é Senso moral?

2 – O que é consciência moral?

3 – O que é um juízo de fato? Dê um exemplo.

4 – O que é um juízo de valor? Dê um exemplo.

5 – Quais os principais aspectos de que nossa cultura e sociedade entendem por violência?

6 – Explique as diferenças entre atividade e passividade.

7 – Apesar das diferenças culturais, o que todas as culturas consideram que seja a virtude?

8 – Qual é a relação entre o filme Crash e o sujeito passivo? Justifique sua resposta.

2 comentários:

  1. Nossa muito bom esse assunto, fiz uma prova com esse assunto e estudei por esse resumo nesse site, gosto muito da filosofia.

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  2. Hoje mesmo vou fazer uma prova baseado nesse assunto

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